domingo, 12 de outubro de 2008


Possuir, talvez seja, também, uma questão de tempo. Depois da conquista, a real tomada de posse. Por direito. Como um senhor feudal, olhar do alto o seu feudo, a sua propriedade recém adquirida e sentir "Isto é meu".Como um gladiador sustenta pela primeira vez o gládio sobre a cabeça do vencido e sente verdadeiramente o que é dominar. Sentir correr nas veias o poder absoluto sobre a coisa possuída.Ao princípio haverá uma certa dose de deslumbramento, haverá que arranjar um espaço mental e físico para o objeto, haverá que definir como usá-lo e de que forma ele poderá ser útil, como combiná-lo com aquilo que já se possui.Ou, se não se possui nada, abrir um novo compartimento para um novo sentimento, o sentimento de posse.Suponho que o sentimento de posse não seja completamente inato - afinal nascemos sem nada senão um enorme potencial para tudo - mas um processo criativo e evolutivo, que, como qualquer outro, se adquire na medida exata em que se investe nele, ou seja em que se lhe aplica energia e atenção.Assim, o sentimento de posse não é estático, imutável e acabado, mas um sentimento vivo e dialético. Susceptível de crescer, expandir-se, consolidar-se. E encontrar a todo o momento novas formas de expressão.



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